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17 de Maio de 2024

UFRN consegue patenteamento de tecnologia diferenciada para desenvolvimento de sensores automobilísticos

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Wilson Galvão – AGIR/UFRN

Uma nova tecnologia cujo resultado tem um forte apelo tecnológico para aplicações na indústria automotiva, em que painéis touch vêm sendo desenvolvidos com novas tecnologias. Uma invenção com baixíssimo consumo de energia, o que pode ser facilmente integrado com sistemas limpos de captação e armazenamento de energia elétrica para funcionamento. Uma pesquisa que repercute trazendo sistemas mais sensíveis para percepção de pequenas vibrações, importante para aplicações industriais em máquinas de alto custo.

A descrição do parágrafo anterior diz respeito a uma carta-patente recebida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) na última terça-feira, 14, denominada Filmes e multicamadas magnetostrictivos depositados sobre substrato flexível como elementos sensores para dispositivos touch baseados no efeito magnetoimpedância, cuja autoria envolveu a contribuição dos pesquisadores Carlos Chesman de Araújo Feitosa, Edimilson Felix da Silva, Rafael Domingues Della Pace, Felipe Bohn, Kennedy Leite Agra e Marcio Assolin Correa, cientistas que desenvolveram estudos junto ao Grupo de Magnetismo da UFRN.

Márcio Correa e Felipe Bohn orientaram a pesquisa – Foto: Cícro Oliveira – Agecom/UFRN

Eles explicam que o estudo possui imediata aplicação para sensores touch ou de vibração, eminentemente voltado para o desenvolvimento de sensores automobilísticos. Além disso, o grupo faz a ressalva de que, devido ao compasso de espera entre o pedido da patente e a efetivação da concessão, alguns avanços tecnológicos evidentemente foram realizados por diferentes grupos ao redor do mundo, o que implica que tecnologias semelhantes tenham sido desenvolvidas em pesquisas de diferentes países. No caso, o pedido de proteção ocorreu em outubro de 2017.

A caminhada para a concessão de uma patente exige obediência aos critérios temporais previstos em lei. Após o depósito, o INPI guarda o documento por 18 meses em sigilo. Em seguida, o estudo é publicado e fica o mesmo período aberto às contestações. Passados os três anos, o Instituto parte para a análise em si. Por esse motivo, o comum é a concessão ocorrer após cinco anos do depósito.

Grupo conta com graduandos e pós-graduandos de diversas áreas – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Na busca por maior rapidez, a Universidade começou a usar, desde o ano passado, a opção de ingresso no trâmite prioritário do Instituto, modalidade recém-criada de fluxo que busca reduzir os prazos de concessão. “Essa medida está sendo adotada em reconhecimento à necessidade de, no mundo acelerado em que estamos, tentarmos também apressar os processos de proteção dos nossos ativos, impactando os processos de transferência de tecnologia, que é nosso objetivo maior. Esperamos diminuir esse tempo para menos de três anos”, explica o diretor da Agência de Inovação (Agir/UFRN), Jefferson Ferreira de Oliveira.

O gestor pontua que a Universidade garante aos seus cientistas suporte no processo de pedido, auxiliando na escrita e até em questões burocráticas, como a responsabilidade pelo pagamento de taxas. Assim, uma série de atividades necessárias à existência da patente, como quitação de anuidades, pedido de exame e concessão do pedido, são exemplos de atribuições da UFRN, especificamente da Agir.

Patentear e pesquisar

Se eu patenteio, é porque pesquiso. A necessidade do modo subjuntivo na construção da frase é fruto da intrínseca relação entre as ações de patentear e pesquisar. Esta concessão é exemplo claro desse entrelaçamento, uma mistura que daria pano para manga a fim de, parafraseando Descartes, falar em “patenteio, logo pesquiso”. A invenção do grupo de cientistas é fruto do trabalho de doutorado de Kennedy Leite Agra, na época estudante do Programa de Pós-Graduação em Física (PPGF) da UFRN e que atualmente é docente da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba.

Correa destaca que patentear é um diferencial – Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Márcio Correa, que atualmente coordena o Grupo de Nanoestruturas Magnéticas e Semicondutoras (GNMS), fala que, usualmente, as patentes provenientes das pesquisas da equipe são justamente frutos de trabalhos de teses e dissertações de estudantes, em processos que se traduzem como se estivessem encerrando ciclos que eles buscam em todos trabalhos do grupo.

“Iniciamos nossas pesquisas com o intuito de realizar o desenvolvimento científico e a formação de recursos humanos em nível de graduação, mestrado e doutorado. Nesta primeira fase, realizamos a divulgação dos nossos trabalhos para a comunidade científica através de publicações em revistas científicas internacionais e indexadas. Contudo, durante o processo de amadurecimento dos trabalhos científicos, buscamos entender como aquela pesquisa pode ser efetivamente aplicada e ajudar no cotidiano das pessoas. Em alguns casos, como este, a resposta esteve sempre bem definida e a busca pelo patenteamento do processo em questão foi algo trabalhado desde o início do doutorado do hoje doutor Kennedy Leite Agra”, coloca Correa.

Ele identifica que este tipo de estudo amadurece o estudante egresso do PPGF e do GNMS, abrindo novas perspectivas e visões de mundo científico para os mesmos. Especificamente, ele assinala que nesta patente, o grupo desenvolveu um processo no qual foram exploradas as propriedades magnetostrictivas (capacidade de um material deformar pela presença de um campo magnético) de algumas ligas ferromagnéticas para a produção de sensores sensíveis ao toque e a vibração. Os materiais utilizados neste trabalho permitiram que abruptas variações da impedância elétrica fossem alcançadas com apenas poucos Pascais (unidade de pressão) aplicadas (similar a pressão de um dedo em uma superfície).

“Esta não é a primeira e nem será a última patente proveniente de trabalhos de Mestrado e Doutorado dos nossos estudantes. A busca por soluções simples ancoradas no desenvolvimento científico é uma inquietude que impulsiona as pesquisas no nosso grupo da UFRN”, frisa o docente do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE). Correa acrescenta que, logo após o depósito desta patente em 2017, outros estudantes do grupo desenvolveram suas teses considerando princípios científicos similares aos apresentados por Kennedy Agra em sua tese. Um exemplo foi a pesquisa realizada por Acácio de Oliveira Melo, hoje professor do Estado do Rio Grande do Norte. Nela, foi utilizado o mesmo princípio magnetostrictivo, mas agora para explorar fenômenos para geração de energia limpa baseado na Spintrônica. O estudo repercutiu com publicações em renomadas revistas científicas internacionais.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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