05 de Julho de 2020
Jornalismo do RN de luto: morre Paulo Macedo, colunista, gentleman e contador de histórias como poucos
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Fui surpreendida nesta tarde de domingo com a notícia da morte do jornalista, colunista, figura ímpar, contador de tantas histórias, um verdadeiro gentleman, Paulo Macedo.
Paulo tinha 88 anos e estava internado para fazer uma cirurgia corretora de fratura de fêmur, e partiu após internação na UTI do Hospital Memorial por insuficiência cardíaca, com suspeita de ter contraído covid-19.
Conheci Paulo Macedo há 20 anos. Eu recém-chegada estagiária no Diário de Natal, ele o principal colunista social da cidade, naqueles tempos ainda áureos para esta atividade. Paulo tinha uma sala repleta de livros, jornais, condecorações e pastas com fotos no térreo do velho prédio do Diário na Deodoro. Gostava de receber visitas lá para conversar e contar suas histórias. Relatava conhecer dezenas de países, chefes de estado, presidentes americanos e tinha infinitas passagens históricas para contar.
Um ás da convivência social, um dia me ensinou uma lição: “minha jovem, se você quiser que uma reunião dure o tempo que você quer, vá até a pessoa, em vez de recebê-la”. Quando o DN entrou de vez na era digital, Paulo enviava as fotos em papel para a diagramação do jornal. Se as recebia digitalmente de alguma fonte, imprimia antes para visualizar como ficaria na coluna e mandava em papel. Não tinha paciência para essas coisas de internet.
Carinhoso, querido, extremamente gentil, um cavalheiro como poucos. Galanteador, gostava de exaltar a beleza feminina, mas com classe. Tinha personalidade marcante e reclamava da falta de reconhecimento ao trabalho realizado em mais de 40 anos de Diário de Natal. Gostava de contar causos. Com riqueza de detalhes, falava sobre encontros com personalidades internacionais, como o cantor Frank Sinatra e o presidente americano Richard Nixon.
Visitou-me algumas vezes quando estive à frente da secretaria de Comunicação do Governo, quando reclamava das mudanças digitais que havia desvalorizado as colunas em papel. Foram as últimas oportunidades de conversarmos longamente sobre suas memórias.
Descanse em paz, Paulo Macedo. Fará falta por aqui! Meus sentimentos e da equipe do Blog da Juliska a todos os familiares.
