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07 de Agosto de 2023

Dia dos Pais: mais de 5 milhões de crianças brasileiras não têm o registro do genitor

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Cerca de 5,5 milhões de crianças brasileiras não têm o nome do pai na certidão de nascimento. Os dados são do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e levantam debate sobre a importância da presença paterna na vida das crianças. Segundo o psicólogo Thales Coutinho, docente do curso de Psicologia da Estácio, o abandono paterno traz sofrimentos emocionais que podem perdurar na vida adulta.

“É da natureza do ser humano o desejo de conhecer suas origens, mas obviamente há uma diferença significativa entre desconhecer as características de um pai que faleceu e as de um que está vivo, mas decidiu-se pelo afastamento absoluto do filho. Nesta situação, é comum que a criança abandonada sinta insegurança e revolta, forje um tipo de apego disfuncional, chamado de ‘evitativo’. O apego evitativo é a maneira com que a pessoa se relaciona com as demais, evitando vínculos sociais saudáveis pelo medo de ser abandonado e depender emocionalmente do outro”, explica o especialista.

Na teoria do apego evitativo, criada pelo psicanalista inglês John Bowlby, não necessariamente a criança abandonada repetirá o mesmo comportamento do pai na vida adulta, como descreve Coutinho. “É pouco provável que o indivíduo consiga constituir uma família. Isso porque o(a) próprio(a) parceiro(a) será percebido(a) como uma figura ameaçadora. Contudo, uma vez formado o vínculo afetivo, não há na literatura nada que demonstre essa reprodução do padrão do pai. Isso dependerá de uma série de características individuais e fatores ambientais”, analisa.

O especialista da Estácio enfatiza que o melhor caminho é buscar mecanismos de combate ao abandono afetivo masculino. “O primeiro é conscientizar os pais de que isso traz consequências jurídicas e prejuízos psicológicos para a criança. Também é possível intervir à luz da psicologia. A identificação de pontos de semelhança entre o filho e o pai pode favorecer um vínculo maior e, consequentemente, reduzir o risco de abandono. Quando esse caminho não funciona, os meios legais devem ser acionados”, orienta.

Redes sociais chamam abandono paterno de ‘aborto’

Nas redes sociais, o abandono paterno tem sido comparado ao aborto feminino – autorizado pela legislação brasileira em situações de risco de morte da gestante, estupro e diagnóstico de anencefalia fetal, conforme o artigo 128 do Código Penal – para estimular o diálogo e a reflexão sobre mulheres que criam seus filhos sozinhas.

“Ao denominar de ‘aborto’ a ausência da figura paterna na criação do filho, suscita-se uma resposta emocional mais visceral da sociedade do que ao usar o termo ‘abandono’. Entretanto, a segunda expressão é a mais adequada para se referir a esse tipo de caso”, descreve Thales Coutinho, docente do curso de Psicologia da Estácio.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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