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29 de Julho de 2021

Alunos do ISD desenvolvem projetos em escola da maior comunidade quilombola do RN

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Incentivar a leitura, proporcionar interações e brincadeiras seguras no retorno às aulas durante a pandemia e acompanhar crianças e pais para evitar a evasão escolar são os principais objetivos dos projetos desenvolvidos pelos alunos do Instituto Santos Dumont (ISD) para a Escola Municipal Santa Luzia, a única da comunidade quilombola de Capoeiras, em Macaíba/RN. A tarefa de agir localmente foi proposta aos alunos da Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência e do Mestrado em Neuroengenharia na disciplina Educação para a Cidadania Global, e os projetos foram apresentados na última quarta-feira (28) aos professores e gestores da escola. 

O Instituto Santos Dumont atua em Capoeiras, a maior comunidade quilombola do Rio Grande do Norte, desde 2015, quando iniciou o Projeto Barriguda, de atenção pré-natal e materno-infantil. “A partir da nossa chegada aqui, que começou na atuação na saúde materno-infantil, fomos avançando para outras necessidades sociais da comunidade. A Escola Santa Luzia é onde os filhos das nossas pacientes estudam, e esse é um dos motivos dela ser o cenário de execução dos projetos de educação baseada na comunidade”, afirmou o diretor-geral do ISD, Reginaldo Freitas Júnior, que ministra a disciplina. 

A missão dos alunos foi identificar necessidades e propor soluções para a escola, que possui cerca de 120 alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental matriculados e sofre com problemas de estrutura, evasão escolar e carências pedagógicas diante da pandemia. 

Três projetos foram desenvolvidos pelos alunos: o primeiro deles propôs uma brinquedoteca móvel para as crianças junto a um protocolo de segurança para higienização de cada item de acordo com o material, para evitar a contaminação pelo coronavírus. “A ideia surgiu quando, na primeira visita que fizemos aqui, identificamos que as crianças não estavam tendo atividades interativas por causa da pandemia, então a gente pensou em jogos e estratégias para que eles sejam utilizados promovendo interação de modo seguro”, explicou a fonoaudióloga e residente do ISD, Mirelly Ferreira. Cada caixa preparada pelos alunos vem com manual desenvolvido pelo grupo, explicando todos os protocolos de higienização que devem ser seguidos pelos professores de acordo com o material do brinquedo.

Outro grupo identificou que os alunos têm passado por dificuldades na alfabetização, e pensou na Geladeiroteca como estratégia de incentivo à leitura, também com orientações de uso dos livros, que devem passar por uma quarentena de quatro dias antes de serem utilizados novamente. “Nossa ideia principal foi trazer algo que incentive o gosto pela leitura, com um ambiente lúdico, interativo e que chame atenção da criança. Quando nós chegamos, algumas crianças já vieram aqui, olharam os livros, a gente viu que já gerou interesse em alguns e era esse o objetivo”, disse a fonoaudióloga e residente do ISD, Fernanda Varela. Os livros que compõem a Geladeiroteca já instalada na escola são fruto de doações de estudantes e funcionários do Instituto. 

Evasão 

A Escola Municipal Santa Luzia tem turmas de alunos até o quinto ano do ensino fundamental. Depois dessa série, os alunos precisam se deslocar de Capoeiras até outras comunidades ou municípios vizinhos para continuar estudando. “O fato deles terem que se deslocar para longe diariamente os afasta dos estudos. Isso tem feito com que os alunos parem de estudar depois da quinta série”, contou o fisioterapeuta e residente do Instituto, Thiago Araújo, parte do grupo que desenvolveu o Projeto Participa. “O projeto consiste em um acompanhamento específico para os alunos que vão passar por essa transição, para explorar os interesses e demandas dos alunos e também fazer com que os pais participem mais ativamente da comunidade escolar e incentivem os filhos a não desistir da vida escolar”, disse. 

Transformações 

Para Djane Santos, vice-diretora da Escola Municipal Santa Luzia, os projetos desenvolvidos pelos alunos do ISD contribuem tanto para a vivência das crianças na comunidade escolar, quanto para o trabalho dos professores. “É muito gratificante a gente estar recebendo esses projetos e a gente observa que alguns hábitos estão mudando nas crianças, elas estão desenvolvendo o hábito da leitura e estudando mais. Além disso, hoje nós estamos tendo aulas presenciais, mas ainda com algumas dificuldades, como o fato dos alunos passarem o tempo inteiro dentro de sala de aula, então, desenvolver ações que façam eles aprenderem brincando, por exemplo, são muito importantes nesse retorno”, relatou. 

ISD e Capoeiras 

Desde 2015, o Instituto Santos Dumont desenvolve o Projeto Barriguda na maior Comunidade Quilombola do Rio Grande do Norte por meio do Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi (Anita). Trata-se da comunidade Capoeira dos Negros ou Capoeiras, como é mais conhecida, localizada no município de Macaíba, e que tem aproximadamente 300 famílias com acesso limitado aos cuidados adequados à saúde, ainda não contemplada por equipe da Estratégia Saúde da Família. 

Desde de 2020, os alunos do Instituto desenvolvem ações voltadas para a Escola Municipal Santa Luzia e tem levado projetos voltados para crianças da comunidade. Um deles, desenvolvido por alunos das residências médicas, garantiu às crianças uma espécie de apadrinhamento, que proporcionou aulas de reforço online pelo período de um ano, para suprir as necessidades educacionais geradas diante da pandemia. 

 

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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