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03 de Maio de 2018

Uma das principais executivas do país diz que não basta amar o que se faz para ter sucesso: “é preciso planejamento e mão na massa”, ressalta

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Por Juliska Azevedo

Geovana Donella é sinônimo de sucesso empresarial feminino não só no Brasil, onde figura como uma das mulheres com carreira executiva mais bem sucedida do país, mas no mundo. Nos últimos anos, criou e dirigiu empresas e atuou em cargos de alta direção em companhias nacionais e multinacionais. Atuou como CEO (Chief Executive Officer) do Cel LepCOO (Chief Operation Officer) do Grupo Multi Holding (atual Pearson – detentor de marcas como Wizard, Skill e Yazigi) e Superintendente da Alcoa Alumínio. Fez mais de 40 viagens à China como empreendedora de moda, quando manteve empresa de bolsas que levava seu nome. Aliás, viajar é uma das coisas que mais gosta de fazer quando não está trabalhando, ao lado de hobbies tão variados como cozinhar e saltar de paraquedas.

Paranaense de 48 anos, Geovana é mentora da Exame PME e da Liga Empreendedores Insper e membro do Women Corporate Directors (WCD), de Nova Iorque, entre outras atividades . É palestrante sobre diversos temas ligados ao mundo corporativo, entre os quais Governança Corporativa em Empresas Familiares, Sucessão em Empresas Familiares e Diversidade nos Conselhos de Administração e co-autora dos livros Mulheres Inspiradoras (2015); A Nova Gestão na Era do Conhecimento (2016) e Jovens Empreendedores (coordenadora, 2016).

Atualmente, atua como conselheira em diversas empresas, é CEO e Fundadora da DONELLA & PARTNERS, especializada em Governança Corporativa e Gestão de Empresas. No mês de abril, Geovana Donella esteve em Natal para proferir palestra a convite da sede estadual da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RN). “Adoro Natal e sempre é muito prazeroso estar com esse povo agradável e motivado! Sempre sou super bem recebida”, disse na ocasião, quando a conheci.

Geovana concedeu a entrevista abaixo com exclusividade ao Blog da Juliska, onde fala sobre a atuação das mulheres no mundo corporativo, a importância da diversidade e os segredos para o sucesso nesse ambiente. Confira:

Em palestra que você realizou recentemente em Natal, afirmou que “o trabalho não deve ser sem querer, mas de propósito”. O que é trabalhar de propósito?

Sim, o trabalho precisa ser de propósito, ou seja, não dá para fazer sem querer, de qualquer jeito ou de qualquer forma. Estamos acostumados a ouvir que tem que ter propósito em nossos trabalhos, mas, a “brincadeira” da frase é que realmente fazer um trabalho de propósito é fazer algo com plano, organização, com metodologia, processos etc. As pessoas precisam entender que é necessário fazer muito, suar a camisa para que isso aconteça, de forma prazerosa obviamente e amar tudo que faz. Mas somente amar não traz resultado, existe sim uma boa dose de planejamento e mão na massa para que as coisas aconteçam.

Ainda é realidade no mundo corporativo que mulheres precisam trabalhar duas vezes mais para terem o mesmo reconhecimento dos homens?

Nos últimos anos, tivemos ganhos importantes neste segmento, a mulher vem sendo cada vez mais valorizada e a equidade de gêneros é um assunto muito recorrente, um pouco mais dentro da nossa realidade. Mas isso não é válido para todos os segmentos ainda, infelizmente. No passado, a situação era mais crítica, havia mesmo a necessidade de a mulher provar a competência com muito mais dedicação. O bom é que hoje sabemos que a diversidade de gênero, ter homens e mulheres ocupando especialmente cargos de gestão, é muito saudável para uma empresa, isso porque os gêneros são complementares na forma de pensar e de agir. Inclusive, do ponto de vista do órgão máximo da empresa, o Conselho de Administração, é fundamental que se tenha mulheres e homens nos conselhos. Já temos muitos resultados de pesquisas que mostram que uma empresa que tem mais mulheres nos Conselhos tem performance e rendimento bem superior se comparado com empresas que não possuem mulheres em seus Conselhos. Obviamente esse resultado acontece pela beleza e produtividade que a diversidade proporciona. Somos muito melhores se estamos juntos, nenhum de nós pensando igual tem resultados diferentes, precisamos ser diversos e assim mais produtivos.

Você tem uma carreira como executiva de sucesso em diversos ramos de negócio, de embalagens à educação. Como sua atuação tem ajudado outras mulheres a vencerem no mundo corporativo?

Humildemente fico feliz se sou fonte de inspiração para que outras mulheres vençam. Eu tive uma família simples, lutei para estudar e para ocupar um lugar no mercado de trabalho, hoje, faço questão de mostrar que isso é totalmente possível, que depende de cada um de nós. Gosto de mostrar para as pessoas que vencer com honestidade e com produtividade dá certo! O caminho não foi e ainda não é fácil, mas é possível. Todos nós necessitamos de apoio e ajuda e, nesse sentido, não abro mão de apoiar e incentivar outras mulheres. Torço sempre pelo sucesso de todas, em qualquer esfera.

Para ter sucesso no trabalho é necessário estar em cargos de liderança?

Obviamente ter cargo de liderança não significa sucesso. Sucesso é relativo para cada um e seríamos muito simplistas em resumir que tem sucesso quem está na liderança. E quem não está é fracassado? De forma alguma! “O essencial é a essência aparecer”, aprendi com um homem que sempre admirei. Precisamos estar plenos em nosso trabalho, naquilo que acreditamos e que sonhamos para nós! Todos nós precisamos colocar nossa marca no Universo, isso sim é ter sucesso! Mesmo que essa marca seja produzir o melhor pastel da feira, que seja os melhores textos de um jornal, o melhor jardim etc. Cada um deixar o seu melhor! Isso sim é sucesso!

Qual o segredo para “contaminar” os colegas do ambiente de trabalho com ideias e inovação? Qual o peso do trabalho em equipe nas corporações?

A melhor forma de contaminar é dar o exemplo, retórica não dá resultado, o que é necessário é carregar pelo exemplo. O Líder faz e leva a equipe junto. Ideia e inovação devem fazer parte do DNA da empresa, precisam ser o dia-a-dia. Toda corporação é formada de gente, vende para gente, produz com gente, sendo assim somente vamos chegar a resultados se unirmos forças, talentos e conhecimentos. O peso do trabalho em equipe é o máximo!

Qual dos desafios que você enfrentou foi o maior, ao longo de sua carreira como executiva?

O maior desafio é sempre quebrar os tabus, quebrar os preconceitos. Na maioria das reuniões que sempre cheguei, alguém já olhava e comentava: “Lá vem uma Loira!”. Mas após alguns minutos de conversa a reação era imediata, a seriedade, a postura, fazem a mudança acontecer. Ainda precisamos lutar muito para tirar de nossa sociedade, das empresas, o preconceito de que existem limitações para a mulher porque elas não existem. Para nós, o céu é o limite.

E qual conquista foi a mais satisfatória?

Tive uma série de conquistas, mas poder estar como Conselheira de Administração em várias empresas e ver que todas estão muito bem, sempre melhorando, dá uma satisfação enorme. Em um mercado onde entre 100% dos assentos de conselho somente 7% são do gênero feminino, me considero uma vencedora.

Você é conselheira de empresas familiares. Quais são, ao seu ver, os maiores desafios dessas empresas para se manterem fortes para o futuro?

O maior desafio é realmente pensar na sustentabilidade da empresa, abrir mão do ego, pensar que a Governança é a base necessária para criarmos cenários que façam um equilíbrio entre as dimensões financeira, social e ambiental. Com isso criamos empresas de maior valor e de maior perenidade.

Qual o perfil da “empresa do futuro”?

A empresa do Futuro é a empresa que tem gente feliz trabalhando, inovando, gente dinâmica e que pensa fundamentalmente no propósito do negócio e suporte de forma positiva o meio ambiente nesse processo.

Você é especialista em Governança corporativa. O que significa esse conceito e quais seus pilares?

Eu diria que o conceito de Governança Corporativa leva a uma visão da gestão em 360 graus da empresa, o que é fundamental para o sucesso do negócio. E isso independe do tamanho do negócio e o do tempo de existência. A empresa é um ecossistema, retórica e prática precisam estar alinhadas. Lembrando que, nos dias de hoje, transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa são os pilares para as companhias que querem ir mais longe e mais: são os princípios básicos da Governança Corporativa.

 

 

 

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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