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20 de Fevereiro de 2024

UFRN participa de projeto que busca tornar Natal mais resiliente a impactos ambientais

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Karen Oliveira – Agecom/UFRN

Para onde vai a fumaça expelida por caminhões e soprada pelo vento? Por que alguns bairros de Natal têm uma pior qualidade do ar? Como evitar inundações ou calor exacerbado? Mudanças climáticas têm um impacto poderoso no mundo todo, e no Brasil podemos observar esses efeitos em forma de ondas de calor, secas e inundações. As cidades grandes são particularmente vulneráveis, sendo o lar de 87% da população brasileira. Nas cidades litorâneas como a capital potiguar, o avanço do mar é mais um desafio a ser solucionado. No enfrentamento de todos esses problemas, é necessário desenvolver e planejar soluções sustentáveis. Essa é a missão do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Klimapolis (INCT Klimapolis), criado no início de 2023 com a participação da UFRN.

O instituto surgiu a partir do laboratório brasileiro-alemão Klimapolis, uma colaboração que estuda os efeitos das mudanças do clima e da poluição urbana no Brasil e como combatê-los. A parceria foi estabelecida em 2018, graças ao financiamento do Ministério Federal de Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF), e é vigente até o final de 2024, por meio de um acordo entre o Instituto de Meteorologia Max Planck (MPI-M), de Hamburgo (Alemanha), e o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP). O recém-fundado INCT Klimapolis foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em dezembro de 2022 por um período de cinco anos, de 2023 a 2027, tendo como principais focos as regiões metropolitanas de Natal e São Paulo.

Segundo Judith Hoelzemann, vice-coordenadora do INCT Klimapolis e professora do Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas (DCAC/UFRN), os objetivos do novo projeto são preparar as áreas urbanas brasileiras para as mudanças climáticas, sanar problemas ambientais e melhorar a qualidade de vida da população. De acordo com a docente, com o avanço do aquecimento global, é necessário que as cidades enfrentem melhor a crescente frequência de eventos extremos como ondas de calor, enchentes e secas.

Judith é uma das líderes do INCT Klimapolis em Natal – Foto: Cícero Oliveira

Além disso, a cientista alerta que cidades litorâneas, como a maioria das capitais do Nordeste, devem lidar melhor com o perigo do avanço do nível do mar. “A gente está perdendo a área costeira. As praias ficam cada vez menores, têm cada vez menos areia, prédios próximos à orla ficam prejudicados, comunidades de pescadores perdem o seu local de atuação e o setor de turismo é prejudicado”, explica. A mudança do nível do mar é causada pelo derretimento de geleiras e pelo aumento da temperatura da água, ambos fenômenos provocados pelo aquecimento global, muitas vezes em conjunção com impactos ambientais instigados pela atuação humana.

O avanço do nível do mar no Brasil chega a quebrar calçadas – Foto: Cícero Oliveira

Segundo Venerando Amaro, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (Decam/UFRN)  e pesquisador do Klimapolis, não é mais possível reduzir a erosão do mar, mas o instituto vai focar em melhorar a qualidade de vida da população litorânea. “O projeto tem a intenção de trazer uma abordagem transdisciplinar, buscando discutir quais seriam as soluções mais relevantes para aumentar a resiliência da comunidade costeira, sobretudo daquelas pessoas que vivem diretamente na orla marítima”, afirma.

Na avaliação do cientista, Natal tem tido diversos problemas relacionados às mudanças climáticas, como alagamentos e chuvas intensas, e por isso é um dos principais focos do projeto. “Natal vai ser um grande exemplo de trabalho, de esforços na busca por essas soluções de enfrentamento”, completa o professor.

Venerando é especialista em gerenciamento costeiro – Foto: Henry Vieira Miranda

Com o intuito de combater problemas assim, o Klimapolis emprega uma metodologia transdisciplinar, indo além do contexto acadêmico, dialogando com líderes de comunidades e gestores municipais, estaduais e federais para investigar maneiras de cultivar gestões sustentáveis. As chaves para alcançar esse objetivo são os Experimentos do Mundo Real (EMR), que vão permitir ao instituto, junto a órgãos públicos, trabalhar com algumas das comunidades mais vulneráveis de Natal. Os locais mais afetados por eventos extremos e pela poluição serão escolhidos como alvos do projeto.

Atualmente, os EMR estão em fase de planejamento e campanhas-teste vão ocorrer ao longo deste ano em preparação para os experimentos completos, que serão em 2025. O Klimapolis vai trabalhar com movimentos civis e ONGs locais no estudo da situação atual de cada local escolhido e planejar soluções sustentáveis de combate aos efeitos das mudanças climáticas. Inicialmente, serão usados sensores de baixo custo para monitorar o ar, enquanto o instituto se empenha na aquisição de uma estação de monitoramento padrão.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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