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30 de Maio de 2023

Mortalidade materna: desafios persistem apesar das metas estabelecidas

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Na semana em que se celebra o Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna, dia 28 de maio, os números não permitem comemorações. A meta da ONU para 2030, dentro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, é que nenhum país no mundo tenha razão de mortalidade materna maior que 70 óbitos por 100.000 nascidos vivos. O Brasil traçou sua meta em 30 óbitos por 100.000 nascidos vivos. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, no entanto, evidenciam a ascensão dos números de óbitos quando comparados com dados dos anos anteriores e registrou que em 2021 o Brasil teve uma razão de mortalidade materna de 107 óbitos por 100.000 nascidos vivos, quando em 2016 era de 58,4/100.000.

Os números da morte materna no RN se comportaram da mesma maneira, apresentando redução, apesar de lenta, nos anos pré-pandemia. Em 2022, porém, o estado do Rio Grande do Norte registrou 28 óbitos maternos, com uma razão de 69,83 óbitos maternos por 100.000 nascidos vivos, conforme dados preliminares da Vigilância do Óbito Estadual, da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap). “Os números da morte materna pelo mundo são alarmantes, especialmente em países com baixo índice de desenvolvimento humano. E o mais impressionante é que 95% desses óbitos são de causas evitáveis”, destaca Elvira Mafaldo, ginecologista e obstetra, secretaria executiva da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do RN (Sogorn).

Durante o período de pandemia e pós-pandemia, muitos serviços de saúde foram paralisados ou desestruturados, resultando em dificuldades para retomar a normalidade dos atendimentos às mulheres, explica. “É importante ressaltar que essa realidade não foi observada apenas localmente, mas em todo o país. O período pandêmico deixou mais evidente a necessidade de melhorias na área da saúde feminina, demonstrando a fragilidade na qualidade da assistência prestada à mulher, por toda sua vida reprodutiva e, especialmente, a atenção obstétrica, no ciclo gravídico-puerperal”, analisa a médica.

Elvira ressalta ainda a importância da investigação dos óbitos para o entendimento das causas da morte materna, no intuito de conhecer e estabelecer ações efetivas para a prevenção. No atestado do óbito precisa que seja especificado que se trata de óbito materno. “A falha na investigação por parte de alguns municípios dificulta a obtenção de informações precisas sobre como ocorreram as mortes maternas, o que por sua vez dificulta a identificação e correção dos fatores determinantes”, frisa.

Neste contexto, é essencial destacar a necessidade urgente de investimentos na área da assistência obstétrica, visando a melhoria dos serviços e a capacitação dos profissionais para oferecer um atendimento adequado e acolhedor às mulheres que necessitam desses cuidados. “Esses investimentos são fundamentais para garantir uma estrutura sólida nos serviços de saúde, preparando os profissionais para lidar com as especificidades e desafios da saúde materna”.

O que é mortalidade materna

A mortalidade materna refere-se à morte de uma mulher durante a gravidez, parto ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, causada por complicações diretas ou indiretas da gravidez. Esta taxa é considerada um importante indicador de saúde pública, sendo utilizada para avaliar a qualidade dos sistemas de saúde e a eficácia das intervenções em saúde materna.

As principais causas de mortalidade materna incluem complicações durante a gravidez, parto e pós-parto, relacionadas à hipertensão arterial (pré-eclâmpsia e eclampsia), hemorragias graves, infecções e complicações do aborto inseguro. Essas causas são consideradas evitáveis com cuidados pré-natais adequados, assistência ao parto qualificada e acesso a serviços adequados de emergência obstétrica.

A redução da mortalidade materna é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), e esforços estão sendo feitos em todo o mundo para melhorar o acesso a cuidados de saúde materna de qualidade, garantir o acesso universal à saúde reprodutiva.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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