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11 de Julho de 2018

Mídias sociais se aproximam do jornalismo com a intenção de combater notícias falsas

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A última etapa da pesquisa feita há quase dois anos pelo Tow Center for Digital Journalism, da Escola de Jornalismo da Universidade Columbia (EUA), revela que a pressão contra a disseminação de desinformação, escândalos com dados pessoais e outras aberrações verificadas nas redes sociais e demais plataformas digitais estabeleceu um quadro diferente do verificado no início do estudo, em 2016.

O jornalismo, diz a pesquisa “The Platform Press: How Silicon Valley Reengineered Journalism,” desempenha hoje papel fundamental ao responsabilizar empresas como Facebook, Google e Twitter por suas práticas prejudiciais. Ao mesmo tempo, as redações estão cada vez mais orientadas para entender e alavancar estratégias de convívio com as gigantes de tecnologia como parte da busca de seu futuro sustentável, procurando fortalecer suas autonomias e monetização. Há, afirma a pesquisa, sinais de convergência, mas em um cenário ainda muito desfavorável às empresas produtoras de conteúdo jornalístico.

A pesquisa revela que, a partir de forte pressão iniciada em 2016, ano da última eleição presidencial dos Estados Unidos, Google e Facebook e outras empresas têm sido obrigadas a investir no apoio ao jornalismo. Um dos motivos para isso é o fato de não haver outra forma tão eficaz para combater as fake news, um dos tantos problemas das empresas de tecnologia. Esse investimento, de certa forma, aproxima essas companhias, interessadas em recuperar suas reputações, às redações. O estudo identificou que, na prática, os graves problemas e impactos negativos do design e dos modelos de negócios das companhias do Vale do Silício são agora centrais para o debate de políticas globais. Por isso, as empresas de plataformas tornaram-se mais explicitamente editoriais em suas próprias práticas e estruturas, seja em curadoria mais humana de histórias e feeds.

Entre os produtores de conteúdo jornalístico, a pesquisa indica que há tanto engajamento na mídia social como no começo dos estudos, mas de forma mais criteriosa. Isso tem favorecido a volta das audiências aos seus sites ou outras formas próprias de distribuição de conteúdo em detrimento da publicação “social first”. Nas entrevistas com jornalistas de 1.025 redações dos Estados Unidos e no Canadá, quatro em dada dez pesquisados (41%) dizem que suas redações fizeram grandes mudanças no modo como produzem notícias em resposta ao crescimento das mídias social. Parcela semelhante (42%) afirma que suas organizações promoveram pequenas alterações. Apenas 15% acreditam que suas redações não fizeram mudanças em suas rotinas de produção de notícias.

Nas primeiras etapas da pesquisa, com coletas em 2016, jornalistas falavam sobre mídias sociais com mais distanciamento, classificando as plataformas apenas como canais de distribuição de conteúdo na frente do público. Nas entrevistas realizadas nos últimos seis meses, representantes de empresas de tecnologia e de publishers, entretanto, usaram repetidamente palavras como “parceiro” e “parceria” para descrever seu relacionamento cada vez mais próximo.

“Temos sido constantemente surpreendidos com a quantidade de redações discutindo com equipes de plataformas – em alguns casos, isso inclui orçamentos, fluxo de trabalho e até mesmo o conteúdo”, diz o estudo. Essa parceria em evolução é, porém, desigual, destaca a pesquisa. As empresas de tecnologia exercem mais poder sobre formatos e dados e ganham mais publicidade do que os publishers.

Embora os entrevistados ressaltem as várias dúvidas que os editores têm sobre abrir mão do controle do processo de publicação para empresas de tecnologia, os dados sugerem que os empresas jornalísticas continuam publicando seu conteúdo em grande volume nas mídias sociais. Ao acompanhar o comportamento de 12 grandes publishers, a quantidade de postagens em 14 mídias com base em tecnologia “permaneceu notavelmente consistente ao longo de nossos 18 meses de análise”.

Simultaneamente, empresas de tecnologia – principalmente Facebook, Apple e Google – aumentaram as iniciativas de apoio mais direto ao jornalismo. Esforços iniciais para oferecer oportunidades de publicidade através de seus próprios produtos diminuíram e foram substituídos por pequenas injeções de recursos e dinheiro, e pelo desenvolvimento de produtos de assinatura para publishers.

Os jornalistas têm uma relação conflituosa com as mídias sociais. A maioria disse ter adaptado as práticas na redação em resposta às mídias sociais, mas um número esmagador (86%) acha que as redes sociais contribuíram para um declínio na confiança no jornalismo. Metade dos entrevistados disse que empresas como Facebook fortaleceram o relacionamento com seu público, enquanto 22% disseram que essa relação havia enfraquecido como resultado das mídias sociais.

Entre os pesquisados, 56% disseram que as redes sociais devem assumir "um bom grau" de responsabilidade por apoiar financeiramente o jornalismo; enquanto 76% dos entrevistados disseram que o Facebook não estava fazendo o suficiente para "combater o problema de notícias falsas e desinformação" em sua plataforma. Ao mesmo tempo, 71% disseram o mesmo sobre o Twitter e 65%, sobre o Google.

Com informações ANJ

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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