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13 de Dezembro de 2023

A Química da Excelência: Pós-Graduação em Química da UFRN tem único laboratório do RN para ensaios físico-químicos

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Amanda Macêdo – Sala de Ciência/Agecom-UFRN

Especial Pós-Graduação – No cenário acadêmico brasileiro, o Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) destaca-se como um exemplo de excelência, inovação e compromisso social. O Programa, que saltou do conceito 4 para o 6 na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), formou 453 mestres e mais de dois mil doutores em mais de duas décadas de existência. De um programa bem avaliado para um ícone de excelência em pesquisa e formação acadêmica, o PPGQ foi impulsionado por abordagem estratégica e compromisso firme com a qualidade educacional.

Coordenado pelas professoras Renata Mendonça e Dulce Melo, que fazem a avaliação, gestão e administração das atividades do programa, o PPGQ conta com 10 linhas de pesquisa, que estão aliadas aos 103 projetos cadastrados e em andamento, com mais de 180 registros de produção intelectual. Isso envolve publicações em periódicos, patentes, livros e capítulos de livros, trabalhos de conclusão, demonstrando uma articulação estrutural dos pontos relevantes e norteadores de qualidade do programa.

“Contamos com excelente infraestrutura física e laboratorial, professores capacitados e produtivos, além de uma estrutura organizacional robusta. A qualificação do corpo docente e a capacidade de atrair investimentos em áreas estratégicas têm sido determinantes para nosso sucesso”, afirma Renata Mendonça. Quanto à integração com a indústria, a professora Dulce Melo explica que são desenvolvidos produtos tecnológicos, incluindo patentes e programas de computadores. “O Programa de Recursos Humanos em Biocombustíveis e Energias Renováveis é um exemplo de como promovemos a pesquisa aplicada em parceria com a indústria, visando a soluções inovadoras”, completa a professora.

Professora Dulce Melo (3ª pessoa, da esquerda para direita), com alunos em laboratório – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

O programa contribui em inúmeras atividades de pesquisa e extensão necessárias para o desenvolvimento regional. A exemplo disso, o Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes (LCL), instalado no Instituto de Química da UFRN, que tem o Certificado de Acreditação do Inmetro, cujos laudos são reconhecidos internacionalmente. O LCL é o único laboratório acreditado no Rio Grande do Norte, e um dos poucos do Nordeste, para ensaios físico-químicos para combustíveis e lubrificantes. 

“Além disso, destaque para os projetos que resolvem problemas concretos da sociedade, principalmente na área de energia, meio ambiente e saúde, que envolve a química como um de seus pilares. Um dos focos principais são os projetos envolvendo análise multivariada em sangue humano para mapear mulheres com câncer de mama, pessoas com tendência a doenças como Alzheimer e outras doenças autoimunes”, informa Renata Mendonça.

Ciência de Alta Qualidade

Carlos Alberto Martínez-Huitle, professor de Química Analítica Avançada e Fundamentos de Eletroquímica no PPGQ, percebe mudanças significativas no programa ao longo dos anos. “Eu fui lotado no Instituto de Química em 2008, sendo cadastrado no PPGQ em 2009, e já se passaram 15 anos e praticamente mudaram várias coisas. Eu vejo que o programa de Pós-Graduação em Química tem melhorado bastante, com mudanças significativas, e isso ajuda a poder captar alunos, brasileiros e estrangeiros, que se interessam pela formação especializada, desenvolvendo um mestrado, um doutorado, um doutorado sanduíche, um pós-doutorado em outra instituição, um pós-doutorado”, relata.

Registro de Martínez ministrando um minicurso internacional – Foto: Julio Chacón – Yachay University

Martínez-Huitle é uma figura destacada entre os cientistas mais influentes do mundo na área de Química. O pesquisador explica que esses dados (que o evidenciam) são coletados em algumas bases de dados de pesquisa científica já existentes, a exemplo de Scopus e Web of Science, para criar um banco de dados publicamente disponível de cientistas mais citados. Esses mecanismos fornecem informações padronizadas sobre citações, índice H, índice Hm ajustado de coautoria, citações de artigos em diferentes posições de autoria e um indicador composto (c-score). Isso permite identificar uma seleção dos 100.000 melhores cientistas do mundo com alto impacto científico ao longo da carreira e, separadamente, para o impacto de um único ano recente.

Ao se referir à sua própria presença nessas listas, Martínez-Huitle cita, como mobilizadora, a produção científica do Laboratório de Eletroquímica Ambiental e Aplicada (LEAA) do Grupo de Pesquisa de Energias Renováveis e Sustentabilidade Ambiental. “Com uma média de 30 artigos científicos publicados por ano em jornais internacionais indexados, [O LEAA] recebe em torno de 2.200 a 2.500 citações por ano”, enfatiza. Ainda segundo o cientista, a pesquisa que desenvolve tem um alto impacto na área em que trabalha porque muitos pesquisadores no mundo buscam, leem, usam-na como referência experimental-teórica e citam seus trabalhos.

De acordo com Renata Mendonça, um fator determinante para a qualidade do PPGQ é a qualificação do corpo docente e a capacidade dos pesquisadores do programa de atrair investimentos em áreas estratégicas e necessárias para o desenvolvimento regional e nacional. “70% dos professores do quadro permanente do PPGQ são bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq. Os professores do PPGQ coordenam projetos inovadores em áreas estratégicas, principalmente nas áreas de energias, biotecnologia, química ambiental e ciências dos materiais, que permitiram a modernização da central analítica do Instituto de Química da UFRN e o aumento da visibilidade do programa em âmbito nacional e internacional”, afirma.

Programa contribui em inúmeras atividades de pesquisa e extensão necessárias para o desenvolvimento regional – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

O professor Martínez-Huitle acredita que todo resultado do sucesso do programa é consequência de um trabalho coletivo entre professores e alunos. “Eles [os alunos] são aqueles que trabalham, que desenvolvem com bastante comprometimento e qualidade os trabalhos de conclusão de curso, as dissertações, as teses de doutorado. Isso nos levou ao patamar que a gente tem. E as oportunidades de bolsa que eles têm, bem como os resultados obtidos dos trabalhos, nos ajudam como pesquisadores a produzir ciência de alta qualidade”, reforça.

A exemplo disso, em 2022, o Prêmio Capes de Tese, que reconhece a melhor tese de doutorado produzida no país a cada ano, foi concedido à discente Florymar Escalona Durán, sob orientação do professor Carlos. O trabalho intitulado Tratamento de emissões gasosas residuais utilizando tecnologias de eletro-absorção contribui com soluções para um problema ambiental de alcance mundial. 

Enriquecimento contínuo

A trajetória acadêmica de Lamara Maciel no Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) da UFRN tem sido verdadeiramente transformadora. Inicialmente ingressando no mestrado, ela, agora, avança para o doutorado na mesma instituição. Pesquisadora e bolsista no Laboratório de Tecnologia Ambiental (LabTAM), atualmente faz parte de um projeto voltado para a produção eficiente de hidrogênio sustentável a partir de biogás, utilizando catalisadores do tipo perovskitas.

Lamara Maciel em aula laboratorial – Foto: Wilian Alber

O trabalho abrange o desenvolvimento e a otimização desses catalisadores, bem como testes para avaliar sua eficácia na reforma a seco de biometano. “Esse projeto está integrado ao Sistema Brasileiro de Laboratórios de Hidrogênio (SisH2-MCTI) e busca não apenas otimizar a eficiência catalítica do processo, mas também contribuir para avanços científicos e tecnológicos no cenário do hidrogênio”, conta.

A estudante conta que o seu interesse pela Química surgiu da paixão pela pesquisa e do desejo de aprofundar seus conhecimentos e adquirir novas habilidades. “Essa experiência tem sido fundamental para o meu crescimento, tanto no aspecto profissional quanto intelectual”, disse Lamara. Pensando mais adiante, a estudante fala que suas expectativas para o futuro incluem a continuidade do trabalho em pesquisa e desenvolvimento, compartilhando seu conhecimento e paixão pela ciência, seja como professora ou por meio de outras atividades.

“Ao longo da pós-graduação, os estudantes desenvolvem competências cruciais em pesquisa, análise crítica, escrita, comunicação científica, resolução de problemas, colaboração interdisciplinar e utilização de tecnologias avançadas. Cursar essa pós-graduação tem sido uma experiência enriquecedora, que nos capacita para contribuir significativamente tanto na academia quanto na indústria,” reflete.

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Sobre Juliska

Juliska Azevedo é jornalista natural de Natal-RN, com larga experiência em veículos de comunicação e também assessoria de imprensa nos setores público e privado.

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